Bulimia e compulsão alimentar

Bulimia é um transtorno psiquiátrico que gera compulsão por comida seguida de culpa e indução de vômito. A atitude geralmente é tomada para aliviar a ansiedade, no entanto, a prática pode gerar problemas físicos.

Entre as causas da bulimia podem estar baixa autoestima, conflito de identidade e conflitos pessoais, incluindo problemas com familiares, amigos ou de relacionamentos. Apesar de não objetivarem diretamente a perda de peso e não apresentarem significativa redução das medidas como os pacientes de anorexia, a obsessão pela magreza também influencia o comportamento bulímico.

Alimentos calóricos induzem maior produção de serotonina, o hormônio do prazer que alivia a ansiedade. Por isso, salgadinhos, biscoitos, alimentos industrializados e carboidratos são os mais procurados durante as crises compulsivas. Dados empíricos apontam a ingestão de mais de 30.000 calorias em menos de 40 minutos. Lembrando que a dieta padrão requer cerca de 2.000 calorias por dia.

Pacientes bulímicos têm peso normal e seguem dietas severas, mas não demonstram desequilíbrio alimentar. A noção do problema é presente, por isso a ingestão intempestiva de comida acontece escondida – compulsão alimentar. Esses fatores tornam ainda mais difícil a procura de tratamento, a falta de sinais aparentes impede o auxílio de família e amigos.

O medo de engordar contribui para a imensa culpa que segue as crises e motiva a indução de vômito ou a utilização de laxantes, diuréticos e ainda a prática exaustiva de exercícios físicos. Outro sintoma que pode ajudar a identificar um caso de bulimia e auxiliar na busca de ajuda são os períodos de jejum adotados como forma de compensação da compulsão. Diferenças comportamentais como aumento na agitação podem significar o uso de anorexígenos, medicamentos que diminuem o apetite e causam dependência, além de outros efeitos indesejáveis. Se houver recorrência de um ou mais desses indícios é importante atentar para possibilidade de distúrbio alimentar.

A curto prazo alguns pacientes podem apresentar fadiga, desmaios, ressecamento da pele, constipação e em alguns casos depressão. A médio e longo prazo a indução de vômito pode provocar desidratação, dores musculares e câimbras, inflamação de garganta e glândulas salivares, desequilíbrio eletrolítico, arritmia, cáries, irregularidade ou perda da menstruação, calos no dorso da mão, sangramento do esôfago e problemas gastrointestinais em geral. É importante que pessoas próximas ao paciente deem seu apoio, participando inclusive de algumas sessões com a profissional.

O tratamento do transtorno envolve psicoterapias cognitivo-comportamental e interpessoal e, se necessário, antidepressivos. Na terapia cognitivo-comportamental, o psiquiatra busca entender as origens do conflito junto com o paciente, para então identificar novas formas de enfrentá-lo, reinterpretando os elementos que geram a emoção negativa. Enquanto isso, a terapia interpessoal trabalha a percepção do próprio indivíduo na tentativa de fazê-lo sentir-se mais seguro.

Quando os sintomas são muito agudos e tornam-se obstáculos para o tratamento, pode ser necessária a procura de um psiquiatra para receita de antidepressivos que aliviem os sintomas agudos e permitam a continuação do problema. Auxiliam no diagnóstico da doença o Inventário de Transtornos Alimentares e o Teste de Atitudes Alimentares. Um nutricionista também pode ser indicado para uma reeducação alimentar controlada que contenha quantidades adequadas de nutrientes. Raramente é necessário internação.